quinta-feira, 5 de julho de 2012

Módulo IV - Educação especial - Aula 20, 27 e 28

A complexidade no estudo dos processos de desenvolvimento humano - Aula 20
Professora Kátia de Souza Amorim - Usp

Para superar uma visão e uma relação estigmatizada com o aluno com necessidades educacionais especiais, é pressuposto que o professor acredite no desenvolvimento do aluno. Saber que todas as pessoas estão em desenvolvimento e possuem o seu próprio processo de aprendizagem.

 Para tanto, a escola e os seus professores devem conhecer o aluno, saber o contexto de sua vida, de suas relações sociais com a família, com os colegas, com a sociedade em geral. Uma pessoa é um complexo de relações que ela estabelece com todos e com tudo o que há ao seu redor e, sem se propor a compreender isso, o professor se fecha nos velhos estigmas e preconceitos que interditam as possibilidades de crescimento intelectual e humano de quem está sob a sua responsabilidade no processo de aprendizagem.

O professor não pode estar sozinho - parte I - Aula 27
Professora Cláudia Yazlle - Cindedi

Nessa aula a professora Yazlle apresenta a complexidade das relações e pontos de vistas que envolvem o processo de inclusão e aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais. Cada sujeito envolvido nesse contexto, que está direta ou indiretamente, vinculado a esta situação, traz um ponto de vista, perspectivas e dúvidas que deveriam ser partilhadas em algum momento.

Pais, alunos com necessidades especiais ou não, professores, diretores, coordenadores, profissionais da escola e da saúde, todos, em alguma medida, têm uma contribuição possível. E, apesar de visões distintas, medos e dúvidas sobre a questão da inclusão, têm um objetivo comum que deve ser o norte desse processo: o desenvolvimento do aluno (seja ele quem for) como pessoa plena de direitos, sujeito ativo na busca de sua aprendizagem, de seus sonhos e de seus projetos de vida.

Levar em consideração o que cada elemento pode ter de específico (pais, alunos, professores, profissionais da saúde, diretores, coordenadores etc.) é uma forma de aproveitar as contribuições possíveis e importantes nesse processo no qual todos estão aprendendo. Aprendendo a trabalhar diferente, a conviver com o diferente, a ensinar a diferença de modo positivo, a romper os muros da escola com essa perspectiva. É um caminho iniciado, difícil e o professor não pode estar sozinho.

O professor não pode estar sozinho - parte II - Aula 28
Professora Jaqueline Amorim - Cindedi

Foi com a perspectiva da aula anterior, que a professora Amorim, destacou o papel importante da Contituição de 1988 na questão da "igualdade de condições para acesso e permanência na escola como um direito de todos". Quando os alunos NEE's passam a ser integrados em número cada vez maior, isso traz para a escola novos modos de aprender e de comportar-se. No entanto, o professor continua com as mesmas condições de trabalho, as mesmas formas de preparar as aulas, com uma quantidade de alunos superior à ideal para um atendimento adequado de cada um, a mesma visão tradicional de ver os alunos de modo homogeneizador.

Tudo isso traz uma grande frustração para o docente e para o discente. Pois, se o professor entra na sala esperando um tipo de aluno que aprende como o modo que ele prédetermina, o aluno também se frustra porque pensa que vai ter uma aula que o agrade e o estímule. Ocorre uma culpabilização do aluno e do professor por parte da gestão e da sociedade em geral.

Quando o professor procura ajuda no resto da equipe escolar e não a encontra, chega à conclusão de que a escola chegou ao seu limite e se justifica com isso. Novamente professor e aluno são culpabilizados e vistos como incapazes.

A escola deve se organizar para atender o conjunto dos alunos com todas as diferenças que possam trazer. Atuar de modo interdisciplinar, num caminho que explicite as dificuldades sem limitar as possibilidades de desenvolvimento individual, que sirva de instrumento para nortear e estimular ações que desenvolvam as potencialidades dos alunos sem estigmatizá-los. Nesse caminho o professor tem de ser parte de uma equipe escolar comprometida com esse processo, de uma equipe que não se restringe mais aos profissionais da escola, mas também aos setores da saúde e da assistência social.

Nesse processo o papel do professor e as necessidades dos alunos devem ser revistas e recolocadas em toda a complexidade que a nossa sociedade exige.

Módulo IV - Educação especial - Aula 19

O todo pela parte: a questão do estigma
Professora Ticiana Melo de Sá Roriz - Usp/Ribeirão Preto

Uma das questões que mais dificulta a integração efetiva e a aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais, é a questão do ser estigmatizado. Numa sociedade que define padrões de aparência física, de comportamentos, de vestuário, enfim, que valoriza certos atributos em detrimento de outros, todo aquele que foge a esse padrão, se vê marcado como "um diferente" em posição de inferioridade.

Numa sociedade que preza pelo consumo exacerbado, que não valoriza o fato de que sempre podemos aprender com o outro, de que estamos num processo interminável de formação e que hierarquiza a diferença produzindo desigualdade; impede que diversas possibilidades de aprendizagem e crescimento humano aconteçam.

A estigmatização das pessoas que fogem ao padrão estabelecido, é fruto de uma sociedade que ainda está calcada na ignorância e num preconceito que impede a aceitação social de milhões de pessoas. Às vezes, até sem a intenção de ser preconceituoso a pessoa acaba reproduzindo uma relação hierarquizada com o NE. No caso do professor, a tarefa de repensar e se corrigir diante desse contexto, é fundamental para garantir as possibilidades de aprendizagem e crescimento desses alunos. Não transferir UMA deficiência para toda a pessoa, tratando-a como incapaz de aprender qualquer coisa. O aluno NE, é um aluno, e como tal, está na escola com o mesmo objetivo de todos os outros e de seus pais: formar-se através dos conhecimentos e da convivência escolares.

Módulo IV - Educação especial - Aula 16

Trajetórias escolares de deficientes e a eja: A questão do fracasso escolar
Professora Lucia Tinós

A própria questão da existência de alunos com necessidades educacionais especiais, nos remete ao fato de que eles provavelmente já passaram pelo ensino regular e lá, não conseguiram permanecer.
Um dos grandes problemas é que o registro sobre esses alunos é ainda muito precário. Desde a questão do próprio diagnóstico até a questão sobre o desenvolvimento do seu processo de aprendizagem.

Outra questão importante que leva os alunos a procurar a Eja é a questão da certificação e da preparação para o trabalho, já que as escolas especiais não o fazem. Nesse sentido, é fundamental levar em consideração as possibilidades de aprendizagem, os projetos e os sonhos desses alunos.

Módulo IV - Educação especial - Aula 15

Dados da Educação Especial no País
Professora Kátia de Souza Amorim - Usp/Ribeirão Preto

Os dados do Mec demonstram que o número de matrículas aumentaram no ensino regular. Os alunos com necessidades educacionais especiais têm procurado mais as escolas regulares que as escolas especiais.

Percebemos que há um avanço no sentido da integração e do acesso ao ensino regular, mas ainda existe o desafio de garantir o processo de aprendizagem no cotidiano. A ausência do registro sobre o que é feito ou não, como é feito, ou quais os problemas enfrentados para se garantir o direito a aprendizagem desses alunos, ou mesmo, sobre quem são esses alunos e qual é o seu diagnóstico, dificulta a elaboração de soluções e intervenções que auxiliem esse processo.

Também é necessário perceber que apesar do avanço no acesso, no decorrer da escolarização há o problema da permanência dos alunos com necessidades especiais na escola regular, há ainda uma descontinuidade que impede a efetivação do direito à aprendizagem, da integração dessas pessoas não apenas ao conhecimento escolar sistematizado, mas a sua integração social e profissional no futuro.

Esse é um desafio para alcançarmos uma escola realmente para todos.

Módulo IV - Educação especial - Aula 12

Como vem sendo organizada a educação especial no país?
Professora Ana Paula Lodi - Usp/Ribeirão Preto

A organização da educação especial no Brasil se inicia oficialmente a partir de meados do século XIX com instituições especializadas na educação de surdos-mudos (1857) e de cegos (1854). A partir desse processo inicial, essas instituições "vieram transformando as formas de atendimento seguindo o modelo francês de escolas residenciais e formação profissionalizante", como apresenta Lodi. No entanto, a questão da deficiência mental ainda ficava restrita aos asilos e manicômios, numa perspectiva de proteção ligada à saúde pública mas que, acabava por excluir essas pessoas de qualquer desenvolvimento.

Nas décadas de 1950 e 60, serviços e instituições vão se desenvolvendo num processo bastante contraditório. Ao mesmo tempo em que aumentam o atendimento e avançam com as perspectivas de desenvolvimento, ainda estão muito vinculadas ao olhar da saúde, nivelam os estímulos de aprendizagem muito abaixo do que seria numa escola regular, e não são escolas reconhecidas formalmente, privando os alunos de qualquer tipo de certificação ou profissionalização.

 As políticas de inclusão e educação para todos ganham força principalmente na entrada no século XXI. Assim, a escola regular entra num novo momento de sua história junto com a educação para alunos com necessidades educacionais especiais. Passa a ser o seu dever adaptar-se a essas necessidades para que todas as pessoas tenham repespeitados os seus direitos de acesso e permanência à escolarização formal, sem discriminação e com a mesma qualidade.

Módulo IV - Educação especial - Aula 11

Legislações, declarações e diretrizes - Legislação como instrumento de inclusão
Professora Lúcia Tinós - USP

Nessa aula, a professora Tinós  fala sobre a importância de se conhecer, compreender e saber usar a legislação à favor do desenvolvimento do aluno com necessidade educacional especial. A escola e o professor, em especial, deve ter essa legislação como um instrumento para que garantir o direito à educação real do aluno na sala de aula.

Conhecer e compreender a legislação é uma das oportunidades para que o professor passe a uma atitude de "brigar" pelos alunos e não contra eles, como defende Tinós.

Módulo IV - Educação Especial - Aula 08

Contradições de valores na escola: entrelaçados da história com a história da educação e da educação
Professora Kátia Amorim - Usp/Ribeirão Preto

A professora Amorim rompendo uma visão erronêa sobre a questão das necessidades educacionais especiais, a de que seria algo no âmbito da individualidade ou como uma mera imposição do governo. A participação das pessoas que possuem alguma deficiência na vida escolar, é uma reivindicação de um setor enorme da população que já dura décadas. O que se reivindica é o direito à educação que tem sido negado a milhares de pessoas.

Temos uma longa trajetória de luta que vai desde o surgimento das primeiras instituições especializadas e voltadas para o atendimento a esses setores, até hoje, momento no qual já existe toda uma legislação que os integra à vivência e à aprendizagem escolar. Amorim faz um breve histórico que nos leva a perceber esse processo a partir da história do Brasil, integrado ao contexto internacional. Cabe destacar que o pós-Segunda Guerra Mundial é um marco importante nesse processo, assim como, a elevação da educação como um direito para todos em 1999.

As questões pedagógicas foram se tornando cada vez mais importantes com o avanço das reivindicações e o surgimento de instituições especializadas. A questão central agora é a de como ensinar e levar ao aprendizado essas pessoas. A formação de professores para atender esse público, a pesquisa, o treinamento, o material pedagógico, o planejamento, avaliação, acompanhamento, foram discussões que se tornaram fundamentais e levou à criação, em 1973, do CENESP (Centro Nacional de Educação Especial).

Na década de 1990, avança-se para a vinculação entre a educação e a educação especial, inclusive com o direcionamento de verbas. Com a Declaração de Salamanca, em 1994, definiu-se como prioridade a busca pela equalização de oportunidades para as pessoas com deficiência e a pedagogia passa a ser centrada na pessoa, ela é que deve adaptar-se às especificidades dos estudantes e não o contrário.